sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Meros Devaneios

           Ele acordou cedo naquele dia. No ar pairava uma estranha sensação de que tudo estava diferente. E, de fato, estava. A máscara de um dia normal ainda estava à tona; tudo ocorria como ensaiado. Mas agora...Sim, agora, tudo está tão claro! Neste pico, com este ar rarefeito, sua visão mudara e seus olhos finalmente enxergavam tudo. Ele já não era tão jovem; contudo, algo lhe dizia para não voltar. "Não se deixe enganar" pensava ele. Mas por quê? Sinceramente não sei. Tais devaneios nunca foram bem explicados. Talvez fossem suas quimeras, suas utopias. Ou talvez só parecesse uma boa idéia. Seus pés tremiam de ansiedade e na sua cabeça rodava um filme que tinha cara de ser chato como esses documentários...Sua vida sempre foi chata mesmo, e talvez, talvez isso tenha sido a razão daquilo tudo. Talvez...Mas o motivo já não interessava mais, pois só o ato em sim curaria-o daquela praga, daquela doença que ele carregava. Agora ele olhava para baixo e, vendo aquela imensidão, se sentiu infinitamente pequeno...Mas tão infimamente grande! Suas mãos suavam, e ele fechava os olhos, tentando imaginar como seria...Mas não, nunca seria. Será. E então, novamente, olhara para baixo e parecia decidido. Ele voou. Voou pois aprendeu, a muito custo, que não se deve ficar. Só se deve voar.

 

Yago Renan Licarião