quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Sunrise

                    Abriu a cortina e já era manhã. Os resquícios da noite estavam, enfim, sumindo, e já sentia o cheiro forte do dia preencher seus sentidos. Agora, tudo parecia estar voltando ao seu lugar. É certo que, na noite passada, por tantas vezes sentiu mudar todo o posicionamento do universo. Era como se, de uma vez só, a vida inteira resolvesse se deslocar. Tentava entender essa nova realocação, mas quando estava conseguindo compreender, tudo ia lá e mudava outra vez. Essa dança parecia eterna, e sua cabeça, pequena, já gritava por socorro, desesperada por um auxílio, uma simples gota de entendimento. Questionava os porquês de cada alteração, mas esquecia de extrair suas lições. Por fim, acabou cedendo a tanta pressão e se acomodou, desistiu de se importar com o que acontecia ao seu redor. Decidiu que a vida poderia fazer dela o que bem entendesse, já que não conseguiu explicar as razões de tanta mudança. Essa dança infinita que tanto o intrigava, também aprisionava. É fato que as constantes sempre encontraram uma forma de alterar sua forma, de parar e ir embora. E, mesmo com tantas respostas para essa pergunta, no final nenhuma delas fazia muito sentido. O importante é que elas se foram, e, ao invés de questionar seus motivos, restava agora decidir o que fazer com isso. Foi aí que percebeu que já era dia, e finalmente pôde entender que o sol só vem quando a noite vai.