Não tenho espaço na minha confusão. Minha bagunça é área restrita, ninguém entra sem autorização. O emaranhado de ideias, pensamentos e sentimentos, defeitos e virtudes, verdades e mentiras, conceitos e preconceitos, é longo demais para qualquer um desembaraçar. Gosto da mistura, do desarrumado, do inquieto. Me deito no caos. Talvez seja essa a melhor forma de criptografar quem realmente somos. Sou um misto de tudo, um todo de partes; mostro apenas frações do que compõe meu inteiro. É certo que, tantas vezes, faz falta mostrar tudo. Porém, mais falta ainda faz alguém que compreenda.
As vezes me perco dentro de mim. Tantas vezes os caminhos se confundem e não consigo enxergar plenamente. Faz parte da caminhada, se perder um pouco, pois quem anda sempre reto acaba perdendo o que não estava planejado. É uma via tortuosa a da introspecção, mas necessária para reavaliar quem somos, onde estamos e para onde estamos indo. É importante saber que todos devem conhecer sua própria confusão. Estou em constante mutação, torcendo por evolução. No meu travesseiro escondo meus medos e anseios. No espelho, escolho a melhor face. Nas minhas janelas encontro luz e trevas, e as minhas varandas as vezes não tem chão. Um mudo barulho com silencio gritante. Tenho um cérebro antíteco, deveras paradoxal. Mas mais do que tudo, uma alma inquieta e um coração que insiste em nunca parar de pulsar.