Tenho inveja de gente mais velha que soube absorver da vida o que ela tem de melhor, o que não significa somente coisas boas. Existe um tipo de sapiência que não se extrai dos livros: ela está intrinsecamente ligada à experiência, ao dia-a-dia, à grande vereda que é a vida. Invejo pois, em minha juventude, anseio e aspiro poder chegar lá com a mesma bagagem que muitos exibem. Triste aquele que passa os dias sem perceber os detalhes fascinantes que compõem a teia diária, que não se surpreendem com a complexidade desse emaranhado de desejos, razões, mistérios, angústias e belezas que compõem o viver. Repudio os sempre felizes, que exibem sorrisos, que se gabam, que se julgam melhores, os que cantam sempre vitória, ao passo que exalto os que choraram, que se amedrontaram, que foram moídos, os rejeitados: esses sim possuem o valor que almejo guardar para enfrentar as vicissitudes da vida.