Canto para quem estiver a
escutar.
Tornando-os assim testemunhas
do que digo.
Não por vaidade vã ou mero
pedantismo,
Mas por necessidade intrínseca do
meu ser.
Canto alguma qualquer que me
vier chamar,
Algo que lembre, de longe, o que
sou por essência.
Mas tais palavras não são escolhidas
por mim,
Eu quem sou selecionado por
elas.
Canto alto a minha felicidade
pois,
Embora o sono da inveja e da cobiça
seja leve,
Minha defesa me protegerá de seus
dissabores,
E meu escudo me guardará de suas
investidas.
Pois a felicidade nossa deve ser cantada, e ouvida, dos quatro cantos do Mundo.
Apenas uma fresta, estreitinha, pode te levar ao infinito. E apenas de retalhos pode ser feito um coração.
quarta-feira, 20 de abril de 2011
segunda-feira, 11 de abril de 2011
Efeito Realengo
As pessoas andam muito abaladas com a tragédia recente que aconteceu no Rio. Muito anda se falando, no Brasil e no mundo, sobre a fatídica chacina que ocorreu com aqueles ‘brasileirinhos’, como foram comoventemente nominados pela nossa Presidente. Me fez lembrar as cruzadas, a palestina, e tantas outras situações históricas em que Deus foi razão, e desculpa, para massacres. Não compreendo o que faz um ser humano entrar em uma escola e aniquilar crianças. Talvez ele já tivesse perdido o ‘humano’ há tanto tempo.
Mas o que quero tratar corre por outro flanco. Antes de tudo, quero deixar claro que isso me abalou muito, chorei ao ver imagens das crianças ao chão e como se deu aquilo tudo. Só que, sendo escritor, não só me apetece, mas também se faz uma necessidade a de gritar por algo a mais: De que vale uma alma em prantos, e um corpo inerte? Ora, por mais estrondoso que tenha sido, quantas outras carnificinas acontecem todos os dias mundo afora? Quantas crianças são submetidas ao crime, à prostituição, à escravatura, para satisfazer o nosso sistema? Quantos filhos não são estuprados, mortos, pelos próprios pais e familiares? Quantos bebês são trocados na maternidade, quantas crianças estão hoje com tantos filhos para cuidar, quando não tiveram nem tem ninguém para cuidar delas? Quantas pessoas estão nas ruas sem ter o que comer, onde dormir, e nem mesmo sol ilumina um palmo às suas frentes... A depravação e a deturpação dos princípios e essências que nos tornam humanos já não nos causam mais espanto. Diariamente, nos acostumamos com isso tudo, e permanecemos inativos. Em casos como esses jogadores vão ao estádio e levam placas, as pessoas se comovem, os jornais se atolam de notícias. Mas em uma semana, tudo voltará aos conformes, e a Jessica, a Mariana e os demais, também serão levados pelo esquecimento, assim como ninguém mais nem lembra onde fica o Japão.
Será que ninguém percebe como está cada vez menor a distância de uma tragédia e outra? Katrina, Indonésia, Haiti, Região Serrana Carioca, Japão, Oriente Médio, 11 de setembro, Palestina, Afeganistão, Irã, Líbia, Egito, Jean Charles, Complexo do Alemão, Londres, PL 122... O mundo está se consumindo, e nós, míseras criaturas, vamos com ele, pois no espelho não vemos mais aquilo que nos tornava humanos. Perdemos toda a imagem e semelhança de nosso criador. Um minuto de silêncio? Preciso de uma hora de muito barulho.
“Mas nos deram espelhos, e vimos um mundo doente” (Renato Russo)
“As pessoas que se enrolam nos jornais não são mais notícia” (Nenhum de Nós)
sexta-feira, 8 de abril de 2011
Passárgada
Vou embora dessa terra. Desse mundo de pernas pro ar. De um lugar que só encontramos desgostos. De pessoas que nos decepcionam. Vou para um lugar só meu. Ser Rei, Bedel e Juiz, e fazer jus àquele trecho... Quero um cenário justo, íntegro. Transformar os dissabores em novos sabores, cheio de gostos para nos fazer gosto. Quero um lugar mais belo e mais alto. Quero ar, água, terra e fogo. Quero som! Um som tão intenso, capaz de reger todos os ciclos existentes. Uma melodia doce que nunca vai parar de tocar. Onde poderemos voar e voar, como é da nossa essência. Deus nos fez para voar, mas poucos conseguem tirar os pés do chão. Cada dia mais se enchem com tantas imundícies que ficam pesados demais para alçar voo.
Acima de tudo, quero eu mesmo e mais ninguém, e ir para lá sempre que precisar fugir. E quando um dia, isso não for mais preciso, desejo que outro alguém encontre esse lugar, e ali possa curar-se assim como eu. Que possa preencher sua alma, e que saia transbordando. Quero um lugar que não fica nesse mundo, e em mundo nenhum, somente na imaginação de quem ainda é capaz de imaginar.
domingo, 3 de abril de 2011
Pra você ;D
Meus dias se passam na velocidade dos meus pensamentos. Com eles, se vão fragmentos meus, pedacinhos que cada vez mais se perdem no meio desse furacão. Perco-me todos os dias, perdendo então peças-chave no meu enorme quebra-cabeça. Desfiguro-me quase que completo, sem deixar que a essência seja abalada. Mesmo assim, meu eu evolui a cada dia, tornando o tempo e suas armas, minha forma de crescer e me aprimorar. Faço dele meu ourives, e sendo pedra em suas mãos, me lapido para alcançar a forma perfeita, que se destacará perante as demais. Deixo-me ser alterado, deformado e retalhado, sabendo que são necessárias para meu aperfeiçoamento, e confiando que para cada parte minha que vai, surgirá uma nova, mais perfeita e brilhante, para me completar novamente. Pois cada dia que se finda é uma nova vida que surge.
Acelerou
Penso que que pode ser errado. Penso mais uma vez. De repente, penso que tudo pode dar certo, que vai acontecer, que é real. Mas se paro pra pensar um pouco, vem aquele pensamento de que pode nunca sair do papel. Se penso demais, isso me assusta. Se simplesmente não penso, me assusto também. Me pego pensando, sem mais, nem porquê. Como fugir? Mas não quero fugir. Não, não. Eu quero ir, preciso ir. Mas não depende só de mim e dos meus pensamentos. Até tentaria pensar sozinho, mas sei que seria em vão. Será que existe um pensamento que vem ao encontro do meu? Será que há uma sintonia, um pensamento conjunto, uma ideia e um objetivo congruentes? Não sei. Mas estou indo...
'O que você está dizendo, o que você está fazendo, por que é que está fazendo assim?'
'O que você está dizendo, o que você está fazendo, por que é que está fazendo assim?'
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